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Manual prático de abordagem em redes sociais de sexo

Mayumi Sato

17/01/2018 08h00

Se você é homem e já reclamou que em redes sociais de sexo ou aplicativos de encontro há poucas mulheres inscritas (em comparação ao número de homens solteiros), interessadas em conversar e responder às suas mensagens, eu sinto informar que a culpa provavelmente é sua.

Em tempos de discussões intensas sobre assédio e limites aceitáveis de paquera e flerte, infelizmente é preciso relembrar – em especial aos homens – que esses mesmos limites são aplicáveis às redes sociais de encontro e sexo.

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Uma pesquisa publicada pelo IPEA levantou que 26% dos brasileiros acreditam que "mulheres que usam roupas que mostram o corpo merecem ser atacadas" e 58,5% concordam total ou parcialmente que "se as mulheres soubessem se comportar, haveria menos estupros". Discursos comuns de culpabilização da vítima em casos de assédio e estupro.

Ao mesmo tempo, a campanha Chega de Fiu Fiu publicada pelo Think Olga revelou que a maior parte das mulheres não gosta de receber cantadas, sendo que 81% já deixaram de fazer alguma coisa (ir a algum lugar, sair a pé) e 90% já trocaram de roupa, por medo de de assédio.

O que, afinal, as mulheres querem ouvir?

E isso tem tudo a ver com uma rede social de sexo. Porque os comportamentos abusivos impedem que cada vez mais mulheres explorem a sua sexualidade de forma natural e encontrem parceiras e parceiros com interesses similares.

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Perguntei a duas usuárias da rede Sexlog (de sexo e swing) quais são os tipos de mensagens recebidas para iniciar uma conversa que as desagradam e do que elas gostam de ler:

@loiradiva_sex – "Odeio mensagens vulgares e amo mensagens gentis. É preciso ser inteligente sem deixar de ser ousado. O mínimo é dar bom dia, conversar e não chegar elogiando uma parte do meu corpo."

@japonesa_gg – "Gosto de receber mensagens "normais", pode ter um elogio de leve. Não gosto quando o cara já chega querendo marcar algo, sem ao menos me conhecer. E também já identifico de cara aquelas que o cara só está copiando e colando em todas as conversas, sem ter lido meu perfil"

Esses depoimentos mostram apenas o óbvio: numa rede social de sexo você precisa tratar a todos como trataria alguém numa conversa ao vivo: com educação, respeito, calma e interesse genuíno.

Dito isso, aqui vão as dicas do que NUNCA fazer:

  • Não há registro, na história da humanidade, de um fiu-fiu (ou um "gostosa" ou qualquer outro termo infeliz usado para assediar uma mulher na rua) que tenha resultado em interesse da mulher pelo assediador. Esse tipo de abordagem só gera constrangimento às mulheres e isso não é diferente na internet. Não reproduza esse comportamento ridículo nas suas caixas de mensagens.
  • Se a pessoa não te deu match ou não respondeu às suas mensagens na rede social de sexo ou no aplicativo de encontro, não procure por ela em outras redes sociais. E JAMAIS aborde-a em outra rede. Se ela quisesse conversar com você, teria feito isso na primeira oportunidade.
  • Mesmo em uma rede de sexo, não envie fotos não solicitadas, sobretudo nudes. Estabeleça uma conversa e descubra se a pessoa tem interesse em recebê-las e se aquele é o melhor momento para isso.
  • Não peça nude. Nude não se pede, nude se conquista.
  • As pessoas tem todo direito de mudar de ideia. Se alguém disse que sairia com você e depois mudou de ideia, lide com essa frustração de forma madura: siga em frente!
  • Leia o perfil de quem te interessou antes de iniciar uma conversa. Quando você demonstra um interesse genuíno e não envia uma mensagem genérica as suas chances de receber resposta aumentam exponencialmente.

Por fim, vale reforçar:

Seja nos comentários de um blog, no Facebook ou numa rede social de sexo, lembre-se que você está falando com um ser humano que, assim como você, tem desejos, dores e amores, tem família, ama e é amado por alguém (ou alguéns).

Esqueça teclados e conexões wifi, você está conversando com uma pessoa. Trate-a com o respeito que você gostaria de ser tratado e permita que o mundo te devolva na mesma moeda. Acredite na importância do seu gesto de respeito e gentileza para o mundo e construa relações de valor e empatia onde quer que você vá.

E você? Que estilo de abordagem te agrada e dá vontade de responder? E quais são aquelas que te importunam e você não gostaria de nunca mais receber? Compartilhe sua experiência nos comentários e nos ajude a construir relações cada vez melhores!

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Sobre a autora

Mayumi Sato é meio de exatas, meio de humanas. Pesquisadora e diretora de marketing do Sexlog quer ressignificar a relação das pessoas com o sexo e, para isso, acredita que é preciso colocar a mão na massa, o que inclui decodificar o comportamento humano. Ao longo dos anos, estudando e trabalhando com o mercado adulto, passou a fazer parte de uma rede de mulheres interessadas e ativistas no assunto, por isso sabe que não está – não estamos – só. Idealizadora do cínicas (www.cinicas.com.br) e feminista sex-positive.

Sobre o blog

Dados e pesquisas sobre sexo e o comportamento dos brasileiros entre quatro paredes. Muita informação, tendências, dados – e experiências próprias! - sobre o assunto. Um espaço para desafiar tabus e moralismos em torno do sexo.

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