Eles acham que isso excita mulheres: por que recebemos nudes indesejados?
Universa
03/11/2019 04h00
Photo by Moose Photos from Pexels
Se você é mulher e está nas redes sociais, as chances de já ter recebido uma foto indesejada de pênis, enviada por um desconhecido, infelizmente são gigantescas. Este é um comportamento bem comum entre homens que abordam mulheres em plataformas digitais, mas não significa que é algo saudável ou que deveria continuar a ser feito. Muito pelo contrário!
Antes que alguém comente com um "mas nem todo homem", um estudo do Pew Research Center mostra que 53% das mulheres entre 18 e 29 anos já receberam uma foto não solicitada de pinto. Ou seja, nem todo, mas a maioria (o que já é um grande vexame, convenhamos)!
Para entender melhor este comportamento tóxico, o The Journal Of Sex Research fez uma pesquisa na qual 48% dos homens admitiram já ter enviado uma foto do próprio pênis sem consentimento da pessoa que está do outro lado. Além disso, 82% disseram que o objetivo era excitar a mulher que recebeu a foto. Outro objetivo dos homens que admitiram ter enviado essas fotos era receber nudes em retribuição.
Embora a troca de nudes seja algo bastante comum em nossos tempos, os dados da pesquisa acima mostram a importância de refletirmos sobre o consentimento. Qualquer atividade sexual, de uma simples troca de nudes a toques, precisa ser feita com concordância prévia de ambas as partes. Parece óbvio, mas aparentemente ainda é bom repetir!
Portanto, homens: enviar foto do seu pênis sem solicitação é violar o espaço da mulher e destruir qualquer chance de paquera que possa existir. Além de um exemplo da masculinidade tóxica que ainda envolve a nossa sociedade.
Uma solução é manter uma conversa saudável e respeitosa que, se avançar para uma troca mais quente e com fotos íntimas, deve ser feita com consentimento e clareza. Como sempre falo por aqui, olhar dados para entender comportamentos é importante para criarmos um mundo melhor e com uma relação mais harmoniosa com o sexo.
A internet não deveria ser um lugar para assédio de mulheres, mas um lugar para conexões.
E você, já recebeu nudes indesejados?
Sobre a autora
Mayumi Sato é meio de exatas, meio de humanas. Pesquisadora e diretora de marketing do Sexlog quer ressignificar a relação das pessoas com o sexo e, para isso, acredita que é preciso colocar a mão na massa, o que inclui decodificar o comportamento humano. Ao longo dos anos, estudando e trabalhando com o mercado adulto, passou a fazer parte de uma rede de mulheres interessadas e ativistas no assunto, por isso sabe que não está – não estamos – só. Idealizadora do cínicas (www.cinicas.com.br) e feminista sex-positive.
Sobre o blog
Dados e pesquisas sobre sexo e o comportamento dos brasileiros entre quatro paredes. Muita informação, tendências, dados – e experiências próprias! - sobre o assunto. Um espaço para desafiar tabus e moralismos em torno do sexo.