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Mayumi Sato

Estamos fazendo menos sexo. E agora?

Universa

31/05/2019 04h37

Photo by JESHOOTS.com from Pexels

Vivemos numa sociedade cada vez mais bombardeada de informação, compromissos, angústias e ansiedades. Será que a01s incertezas desse novo mundo podem explicar por qual motivo estamos fazendo menos sexo?

Uma pesquisa do National Opinion Research Center, da Universidade de Chicago, feita no ano passado, revelou que 23% dos participantes (homens e mulheres) declararam não ter feito sexo nos últimos 12 meses. Na pesquisa anterior, feita em 2008, este percentual era de 11%.

Quando o recorte é por gênero, 28% dos homens entre 18 e 30 anos dizem que não transaram no último ano, um número três vezes maior do que o registrado em 2008. As mulheres nesta mesma faixa etária também declaram estar transando menos, apesar da frequência de relações terem aumentado 8% desde 2008. 

Os motivos para essa queda na frequência de relações sexuais são diversos e complexos: jovens estão demorando mais para sair da casa dos pais; aplicativos de namoro diminuem a quantidade de encontros; pessoas estão cada vez menos se envolvendo em relacionamentos sérios; serviços de streaming fazem as pessoas passarem mais tempo em frente ao computador; pornografia online e masturbação; problemas com ansiedade, etc. 

Ou seja, pode ser que as distrações do mundo moderno nos deixem muito mais ocupados e cansados do que antes. São muitas as variáveis e não necessariamente elas indicam um desinteresse por sexo, podem mostrar apenas que estamos mais distraídos com outras atividades.

Mas você pode me perguntar: fazer menos sexo é ruim? Não. O importante em relação ao sexo é o autoconhecimento e respeito com seus próprios limites. Além disso, é legal focar na qualidade das conexões com seus parceiros e o quanto você explora o que realmente te dá prazer. 

É muito comum que as pessoas fiquem ansiosas quando amigos contam que transam mais do que elas, o que pode não ser necessariamente verdade. A cobrança social para que estejamos numa vida sexualmente ativa precisa ser desconstruída. Talvez as pessoas nunca tenham feito tanto sexo e somente agora estão confortáveis em assumir isso. 

O que aprendi trabalhando no Sexlog, e analisando dados sobre o comportamento sexual de pessoas, é que existe uma tendência a contar sempre algo mais, a conhecida vantagem, quando o assunto é desempenho na cama.

Vamos transar o quanto quisermos e não entrar num jogo de quem transa mais. Afinal, nem sempre mais é bom. E você, ultimamente tem transado menos ou mais?

Sobre a autora

Mayumi Sato é meio de exatas, meio de humanas. Pesquisadora e diretora de marketing do Sexlog quer ressignificar a relação das pessoas com o sexo e, para isso, acredita que é preciso colocar a mão na massa, o que inclui decodificar o comportamento humano. Ao longo dos anos, estudando e trabalhando com o mercado adulto, passou a fazer parte de uma rede de mulheres interessadas e ativistas no assunto, por isso sabe que não está – não estamos – só. Idealizadora do cínicas (www.cinicas.com.br) e feminista sex-positive.

Sobre o blog

Dados e pesquisas sobre sexo e o comportamento dos brasileiros entre quatro paredes. Muita informação, tendências, dados – e experiências próprias! - sobre o assunto. Um espaço para desafiar tabus e moralismos em torno do sexo.

Mayumi Sato